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Babywearing & a Síndrome de Down

Um tema importante que não envolve muitos de nós: Carregar uma criança com síndrome de Down no sling é possível? Quais os cuidados? Quais modelos indicados?

Nessa última semana chegou até nós uma mãe com a dúvida “Posso carregar meu bebê no sling com Síndrome de Down?”. E sabemos que esse não é um assunto muito trazido no meio do Babywearing brasileiro, mas que é de extrema importância para a inclusão, igualdade e acessibilidade que almejamos para o mundo. Pois então, trazemos um texto especialmente para vocês!


Posso carregar meu bebê no Sling?

Um vínculo especial para pessoas especiais: proximidade e segurança, confiança e carinho. Todas as crianças podem se beneficiar disso! Além dessas características básicas, o carregar também tem seus efeitos terapêuticos. Desde o início, seu filho te acompanhará ao nível do seu olhar e você pode facilmente levá-lo para qualquer lugar. Ele pode explorar o mundo a partir do corpo seguro de seus pais ou simplesmente se aconchegar com eles para ficar longe de muitas irritações. Isso também ajuda a evitar olhares indesejados de estranhos em diversas situações.

O corpo muitas vezes hipotônico está sendo apoiado num tecido adequado e escolhido a dedo, auxiliando o desenvolvimento mental e físico do bebê. O senso de equilíbrio será treinado: este sentido responde aos movimentos do seu corpo, o que ajuda o bebê a aprender movimentos independentes e sua própria mobilidade como engatinhar e andar.

“Há muitas incertezas neste mundo, mas ao colocar minha filha no sling e mantê-la perto do meu coração, tenho certeza de que ela sempre saberá que é amada, segura e apoiada. E por isso ela vai brilhar. “ -Marisa D.

Para que seu bebê possa sentir você e a si mesmo: Escolha o modelo de sling mais adequado para você! Como com qualquer outra criança, isso pode ser muito pessoal. Nesses casos, o mais recomendado é um Wrap em Tecido plano ou em Sarja, uma vez que as faixas firmes e cruzadas na posição frontal tornará o carregar mais confortável para você, mas você também deve e pode tentar carregar seu filho no quadril ou nas costas em outros modelos.

Uma dica: Se você não se sentir confiante o suficiente para um sling convencional, você pode ainda buscar por mochilas ergonômicas, mas atenção para que elas sejam também Evoluitvas {que tenham ajustes na base} e sustentem de joelho a joelho sem forçar a abertura natural do bebê. A nossa ErgoGaia atende bebês a partir de 4kg e possui os ajustes e o conforto ideal, além de uma praticidade no colocar.


O que preciso saber?

Bebês com Síndrome de Down possuem normalmente o Tônus mais Baixo (Hipotonia). Em termos leigos, isso significa que seus músculos não têm muito controle, eles geralmente precisam de mais apoio para se manterem na posição vertical, então precisamos ter mais cuidado para evitar quedas nos carrinho, cadeirinha e carregadores de bebê. No caso, precisamos escolher carregadores e slings que apoiem a parte superior das costas e o cóccix desde a base do pescoço.
Isso também significa que precisamos ter cuidado ao segurá-los em qualquer momento para que seus ligamentos não estendam mais que necessário. Queremos manter os ligamentos juntos, ou seja, o corpo agrupado, com atenção especial aos quadris (especialmente) e ao pescoço.

Maior risco de problemas respiratórios. Como os bebês com síndrome de Down correm maior risco de desenvolver problemas respiratórios, é muito importante seguir práticas seguras para as vias aéreas ao carregá-los.
Essas práticas podem precisar continuar além do período de três meses normalmente recomendado.

Frouxidão articular ou ligamentar e a displasia de quadril. Os bebês com síndrome de Down têm maior frouxidão articular – articulações soltas, o que significa que suas articulações são mais flexíveis.
O agachamento usual em um carregador popular nos modelos “cangurus” {não ergonômicos} definitivamente não é o melhor para um bebê com síndrome de Down {ou qualquer bebê}. Então, manter as pernas do bebê o mais próximas, agrupadas e encaixadas ajudará a prevenir a displasia do quadril (luxação da articulação do quadril).

Mas ainda assim, segundo dados, apenas cerca de 5% dos indivíduos com síndrome de Down apresentam a displasia.

Crescimento mais lento, atenção na escolha do modelo! Crianças com síndrome de Down geralmente crescem mais lentamente do que bebês com desenvolvimento típico.
Então, o carregador de bebê pode e será usado por mais tempo do que seria para uma criança com desenvolvimento típico, o que significa que observar o tônus baixo e os ligamentos será uma rotina de muita importância para desenvolvimento do quadril da criança.

A escolha dos carregadores de bebê é importante para nossos filhos e definitivamente deve ser feita com mais atenção quando falamos de um bebê com síndrome de Down.

Mas lembre-se de que, embora a escolha possa ser mais complicada quando seu filho tem síndrome de Down, carregar ainda é a melhor opção!


Quais modelos indicados?

Uma consultora ou Assessora de Babywearing experiente pode tranquilamente te acompanhar nesse processo, juntamente claro com a verificação pela equipe de fisioterapeuta e médico/pediatra, trazendo ainda mais segurança para o desenvolvimento do seu bebê.


Para se aprofundar…

Separamos aqui para vocês, um manual do ‘Movimento Down’ sobre as alterações ortopédicas de crianças com a síndrome: Acesse e leia na Íntegra


Pesquisa e elaboração por Ariane Chiebao.

Compartilhamentos são bem vindos, com os devidos créditos.

Ariane Chiebao é Mãe de três meninos, Giacomo (11), Pietro (9) e Giuseppe (6), CEO da Aurora Sling, também é Terapeuta, Cantora, Comunicadora Social e trabalha com projetos para mulheres há mais de 13 anos. Formada como Doula e Assessora em Babywearing, estudou Psicologia do Puerpério e hoje facilita e pesquisa sobre colo entre mães e bebês.

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A Ciência do Colo

As evidências científicas do Colo por trás dos carregadores de bebê

Por Ariane Chiebao

Atualmente são poucos os estudos específicos sobre os benefícios do carregar em si, mas eles já mostram muitos resultados convincentes. O movimento do Babywearing pelo mundo todo vem reforçando a demanda de estudos científicos na área, assim como vem também aprimorando o uso e a produção dos próprios carregadores de bebê, mas de fato, pesquisas minuciosas e detalhadas ainda não existem.
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E enquanto isso não acontece? Como faz?
Nos dizemos: quem tem olhos para ver o lado bom… que venha ver junto conosco!
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Já existe uma grande variedade de descobertas e estudos altamente relevantes nas áreas como: desenvolvimento da primeira infância, Método Mãe Canguru, Antropologia e outros.

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Estudos que “costuram” a Ciência do Colo, embasando cientificamente e comprovando as indicações e benefícios reais de dar colo aos nossos bebês.
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Saber costurar ideias é uma arte que precisa de tempo e espaço para partilhar e compartilhar! Por isso convido você {mãe, pai, assessor em babywearing, doulas, parteiras, pediatras e quem mais sentir} para acompanhar essa série aqui em nosso Blog!
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Quem vem junto?!
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#ciênciadocolo #aurorasling #babywearinginteligente #babywearingbrasil #slingbrasil #maternidadeconsciênte



Vínculo & Apego Seguro

O contato físico

Boas práticas para o desenvolvimento do Apego Seguro

Como mães, esperamos ter com nossos filhos um relacionamento próximo, permeado por afeto e segurança… quiçá pela vida toda.
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Apesar de não existir um “mapa” desse caminho, alguns estudos já apontam as boas práticas que podem certamente ajudar a co-criar as bases de confiança e segurança em um bebê e em nós mesmos.

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Quanto mais cedo elaboramos uma conexão profunda com eles, principalmente através do colo, mais essa relação se fortalece de confiança, mesmo em situações de separação pontuais ou rotineiras, como por exemplo o ingresso na escolinha ou o cuidado feito por algum outro cuidador.
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Em uma pesquisa, 49 mães de baixo nível socioeconômico foram divididas em dois grupos. O primeiro grupo, consistindo de 23 mães, recebeu carregadores de bebê (permitindo um maior contato físico), enquanto o outro grupo de 26 mães recebeu cadeirinhas.
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Aos 13 meses de idade, todos os bebês participaram da “Ainsworth Strange Situation”, um cenário fabricado projetado para ver como uma criança reagirá à ausência de sua mãe. E de modo geral, os bebês cujas mães receberam os carregadores de bebês demonstraram um apego materno mais seguro do que aqueles que receberam as cadeiras para bebês.
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Esse apego materno é desenvolvido desde a gestação e pode permear pela vida dessa criança por tempo indeterminado, consistindo, de maneira geral, nos laços cognitivos e afetivos entre mãe e bebê.
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Laços fortes que geram segurança para uma vida toda, criados no colo e no contato…
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Esse post integra a série “Ciência do Colo”
Curadoria de Ariane Chiebao para Aurora Sling
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Estudo: Anisfeld E et al. (1990). “Carregar bebês promove apego? Um estudo experimental dos efeitos do aumento do contato físico no desenvolvimento do apego. ” Child Development, 61 (5): 1617-27.